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a arte X medo e doutrinação ~


até que demorou. tinha certeza de que ia acontecer. como fazemos tudo na base do "feito a mão na raça" criamos o cartaz em xerox e eu, Fábio e Jaq montamos e colamos pra produzir a foto a partir dessa arte que acho incrível e super representativa feita pela Marília Bianchini, uma das 5 mulheres que ilustram as 50 poesias do livro/disco. tbm pra marcar o início do movimento do "Incendeia tua Aldeia". foram 6 dias até uma moradora das vizinhanças do muro em que colamos se declarar injuriada "isso é uma barbaridade, essa mulher pelada exposta na rua" foi o que chegou até a gente. 

fico observando. a segunda versão do cartaz (esse da foto acima) talvez seja ainda mais impactante agora como complemento porque fala diretamente a respeito do porque esse trabalho vai sendo feito. tamos vivendo na pele essa "idade média programada, com supremo, com tudo". esse golpe miserável que busca investir no medo e na ignorância pra avançar e depredar nossos sonhos. a política dos predadores.

e interessante porque entendo que quase todos movimentos (reluto no "quase") +significativos, revolucionários, corajosos e interessantes que tem vindo à tona nestes últimos anos serem protagonizados por mulheres. pra romper com esse ciclo de submissão, de vergonha do corpo, da imposição de padrões escravagistas, desse medo louco de falar sobre gênero, sexo, prazer, ser humano. ataques à inteligência e sensibilidade como a "escola sem partido" completamente parcial e essa sim> doutrinária e perigosa. como as igrejas aliadas ao poder podre que incentivam a vergonha, a submissão e servidão inquestionáveis pelo lucro e pela fama. o inferno trazido à tona por seres que se desumanizam. uma mulher se sente ofendida pela nudez representada, que não tem sequer um toque erótico? acredito que não. Se sente é incapaz de olhar pra sua dor. pra relação domiciliar de abandono ou sufocamento que aceitou englir se achando sem outra opção pra ser incluída. incapaz de olhar pro seu próprio corpo nu sem se arrepender do destino que corroborou. se assumir desnuda e livre e a batalha que isso determina.




enfim, não vejo motivo algum pra reagir com raiva ou fúria contra a raiva vinda do medo e da incapacidade de dar outro tom que não a negação pro que nos provoca pensar e sentir. sentir dói. pensar exige. nós daqui escolhemos sentir, pensar, sentir doer e sentir prazer. pensar e descobrir novas formas de viver que não essa gaiola, enferrujada ou dourada. como diz outro dos versos libertários: alegria é ouvir a porta bater e saber que estamos do lado de fora da gaiola. 

que a liberdade amadureça no coração de todos os que vagam. amor é coragem.








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